domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um sorriso..


muitas conquistas!

Nas diferenças..


todos somos iguais.

Hora do lanche!


E na pausa para se alimentar muito coisa acontecia..

Trabalho e união


“A despedida”.

Na hora de ir embora se via no rostinho de algumas crianças o biquinho de choro, a lágrima escorrendo no canto do olho, a voz chorosa de saudade de uma convivência tão gostosa. “Ouvi as crianças me dizerem: “ah tia não vai embora não, a senhora podia trabalhar no bairro escola e ficar com a gente”, “tia você sabia que você foi a minha melhor professora”, “tia me dá seu orkut pra gente se falar, eu já ta com saudade” e até convites como: “tia quando chegar meu aniversário a senhora vai?”.
Isso tudo foi muito gratificante, fora os beijos, abraços, carinhos e bilhetinhos que recebi. Foi uma das melhores experiências da minha vida e com certeza única!

Nascimento de amizades..


“A gratificação”.

O melhor de tudo foi o carinho das crianças, o envolvimento com o projeto, os laços afetivos e as tarefas realizadas com sucesso. Apesar de muitas vezes ter saído esgotada daquela quadra faria tudo de novo, porque a recompensa é a sensação do dever cumprido, a certeza de ter plantado uma coisa boa e cultivado o carinho e o respeito sincero daquelas crianças. Eu faria tudo novamente!

Gincana. ( não deixa o limão cair! )


“O encerramento”.

A sexta feira chegou, por um momento disse a mim mesma: - Ufa! Graças a Deus chegou ao fim. Agora vou descansar muuuito!!! Mas acho que me precipitei...
Nesse dia realizamos uma gincana na quadra, muito animada por sinal, com música, risos e muita alegria. Tivemos corrida da colher, corrida do saco, volta no cone, arremesso de basquete, decifrando o texto e gritos de guerra entre os meninos e meninas. Foi o cenário perfeito pra muita alegria e diversão, o que me fez pensar no que havia dito logo cedo quando cheguei, já não me via mais aliviada em não ter mais que ir à colônia, mas estava triste e morta de saudades de dias maravilhosos que vivi ali.

Os mentirosos..


“O dia depois das mentiras”.

Na quinta feira logo que as crianças que participaram da dinâmica chegaram, me perguntaram sobre as mentiras, queriam saber se eu revelaria os autores e se eu escreveria as mentiras em meu blog. Eles ainda estavam animados com as descobertas a respeito de seus amigos e eufóricos em saber que algo particular sobre eles pudesse aparecer na internet, isso lhes dava a sensação de serem importantes e se tornarem conhecidos, aliás, nessa idade as crianças gostam muito de ser notadas, reconhecidas e valorizadas.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

MENTE SÃ CORPO SÃO.


E finalmente a bonança!


MAS A HISTÓRIA NÃO TERMINA AQUI...

O quase fim do início.




“Depois da tempestade sempre vem a bonança”

Há exatamente duas semanas atrás comecei a participar de uma colônia de férias, com o objetivo de aplicar com aquelas crianças uma oficina cultural. Imaginem trabalhar com crianças em sua maioria de classe média baixa, com idades variadas de 5 a 14 anos, com experiências de vida completamente diferentes umas das outras e mentalidades totalmente distintas. Esse era meu público alvo.


O que trabalhar?
Eu havia recebido dos meus coordenadores a seguinte proposta: trabalhar histórias vividas por eles. O tema era: “relatar a maior mentira que já contaram aos seus pais para matar aula”.

Como trabalhar?
Havia por faixa de umas 50 crianças no primeiro dia de colônia, todas eufóricas e loucas para gastar toda aquela energia que os consumia. Além do grupo que trabalharia a parte cultural desse projeto, havia também um outro de esporte e recreação que faria atividades com elas.
A colônia funcionava dentro de uma quadra de esportes e não havia uma organização de o que fazer com eles e nem por quem começar.
Sem um direcionamento de como lidar com tantas crianças começamos com o pé esquerdo, sendo assim quem comandou a colônia foram elas, porque estavam livres dentro daquela quadra enorme, cheia de recursos para o seu lazer, com cordas, jogos de mesas, bolas para todos os tipos de esporte, petecas, bambolês, materiais de pintura e tempo de sobra pra criar e recriar o que quisessem.
O que fazer para agrupá-los sentados na esperança de realizar alguma atividade, se eles queriam correr e explorar tudo de novo que tinha por ali ao invés de ter que ficar sentados com uma professora chata falando e fazendo-os perder o precioso tempo de brincar. Não havia o que fazer senão observá-los e brincar junto, deixando que eles ditassem como seria a brincadeira, mas como era de se esperar não deu muito certo, porque cada professor ali tinha uma proposta de trabalho com eles, mas como não havíamos nos encontrado antes para organizar nossas atividades, não estabelecemos um tempo para quem fazer o que.

Entrando em acordo.
Depois de ter um dia exaustivo seguindo o ritmo das crianças, nos demos conta de que precisávamos de uma única coisa pra fazer isso dar certo, planejar. Chegamos à conclusão de que tínhamos que fazer as nossas atividades com eles ao mesmo tempo, mas em espaços diferentes, para manter todas as crianças ocupadas e promover um rodízio das atividades, assim todas participariam das oficinas e cada um de nós desempenharia sua função sem problemas. No entanto, era complicado fazer essa divisão porque estávamos trabalhando dentro de uma quadra de esportes, então resolvemos dividir o espaço em estações, cada oficina era separada por uma placa de ferro e dentro de cada uma dessas estações seria realizada uma atividade.

Respirando aliviada.
Fui para casa na certeza de que a terça feira seria melhor porque tínhamos um planejamento. De certo foi, mas não para todos.
No dia seguinte, organizamos as divisões, mas deixamos de pensar em uma coisa, eram atividades e professores de mais para um espaço tão pequeno, e a oficina que foi proposta para que eu realizasse levaria certo tempo com as crianças por se tratar de um trabalho de resgate de histórias vividas por elas, as atividades deveriam ser mais reflexivas para que o resultado fosse satisfatório, mas havia um problema, o rodízio das atividades seria feito a cada uma hora e quinze aproximadamente e eu precisava de um pouco mais de tempo para atrair a atenção delas para uma atividade como essa. Pois bem, depois de ver tudo organizado em estações e as crianças alocadas por faixa etária e grau de interesse em cada uma delas parecia tudo perfeito a não ser por um detalhe, me senti personagem do filme “esqueceram de mim”. Todos estavam alocados e fazendo atividades, mas onde estava a minha estação, acho que não consideraram muito minha oficina, me senti como se fosse menos importante do que eles e mesmo assim não parei um só segundo de trabalhar,porque não dei início ao meu planejamento, mas servi de suporte para todos, rodei por todas as estações para ajudar no trabalho de cada professor.

O cansaço.
Naquele mesmo dia após a colônia todos nós que trabalhamos com a cultura nas 80 escolas onde estava acontecendo a colônia de férias, nos reunimos com o coordenador para mostrar os resultados do que já havia sido produzido até aquela data e planejar os próximos passos.
Muito cansada, desapontada e de certa forma desesperada, por me sentir um fracasso no meu objetivo, fui para a reunião. Estava totalmente desestimulada e com a certeza que aquele era o último lugar onde eu gostaria de estar.

A reunião.
Conversei com o coordenador antes do início da reunião e o coloquei a par da minha situação, ele pediu para que eu ficasse e ouvisse o que os outros trariam de suas colônias, talvez dali surgisse uma solução.
Todos chegaram, cansados igualmente, uns tão desapontados quanto eu, outros satisfeitos com seus resultados e ali todos compartilharam suas boas e más experiências.

Uma luz no fim do túnel.
Ouvindo aqueles relatos e retendo para mim as soluções que alguns jovens criaram para fazer sua atividade funcionar, tomei um caderno e uma caneta e comecei a anotar as dinâmicas que eles realizaram. Ao chegar à minha casa peguei minhas anotações e fui imaginando como seria trabalhar aquelas dinâmicas e em cima delas fui incrementando, juntei dinâmicas que foram realizadas separadamente e em escolas diferentes, tornando-as uma grande brincadeira e decidi que iria fazer com que acontecesse no dia seguinte.

O dia seguinte.
Na quarta feira cheguei bem cedo e procurei um professor para pedir a ele que providenciasse para mim uma estação porque eu tinha um trabalho a realizar com as crianças e o faria.
Finalmente o problema estava resolvido, eu já tinha meu espaço e também já havia selecionado meu público alvo, que seriam as crianças acima de dez anos, porque são mais desprendidas para falar e principalmente são elas que estavam na idade de contar as mentiras para matar aula.
Reuni as crianças na minha estação, expliquei quem eu era e o que fui fazer lá, quando contei a elas que trabalhava com outros jovens,fazendo matérias para publicar na internet logo se interessaram e fui ainda mais a diante, disse que queria ensiná-los a ser repórteres também. Comecei perguntando quem tinha acesso a internet e se sabiam o que era um blog e o que se escrevia nele. “Até que um deles se levantou e respondeu: - blog é um diário virtual, onde se escreve coisas sobre você ou sobre qualquer coisa que você queira”.
Partindo do principio que estávamos falando de um diário, propuz a eles que falássemos sobre coisas pessoais, e as mentiras que já contamos fazem parte disso porque só o autor da mentira é que sabe que mentiu.

A dinâmica.
Reuni as crianças atrás de uma linha e disse a eles que iria fazer algumas perguntas,quem já tivesse vivido alguma situação que eu falasse, deveria dar um passo a frente da linha. Perguntei coisas do tipo:
· Quem já matou aula?
· Quem já repetiu de série?
· Quem já mentiu para os pais?
· Quem já matou aula para ir a lan house?
· Quem já matou aula par ir ao shopping?
· Quem já matou aula para namorar?
· ...

E assim por diante. Ao decorrer das perguntas eles iam se aproximando ou não. No fim fizemos uma roda ao chão e eu lhes disse o porquê fiz isso com eles, queria que percebessem que todos ali tinham algo em comum e que não precisavam ter medo de me contar suas histórias, porque até mesmo eu já vivi muitas delas e que tudo que conversássemos ali seria somente entre nós.
Depois de ganhar a confiança deles, contei a eles uma das mentiras que já disse pra minha mãe nos meus tempos de escola, só para poder faltar aula. As crianças deram muitas risadas e se sentiram a vontade para me contar a história delas também, foi então que pedi para que escrevessem em um pedaço de papel a maior mentira que já disseram as mães e em seguida colocar este mesmo papel dentro de uma bexiga e encher. Feito isso, amarramos as bexigas ao tornozelo e um tentava estourar a bexiga do outro e pegar o papel que havia caído dela, no fim todos sentaríamos para ler as mentiras que conseguissem pegar, mas sem identificar o autor da para que não se sentissem constrangidos, só se identificariam aqueles que quisessem, pois a razão principal não era saber quem tinha contado, mas sim saber quais eram as mentiras que eles costumavam contar.