terça-feira, 6 de outubro de 2009

Acessem!

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"Minha força e empenho me farão ser a melhor, acredite! Só preciso de oportunidade!

Camila de Oliveira Silva.

Brasileira, nascida em 03/12/1987.
Endereço: Avenida Doutor Álvaro Lessa, n° 117 – Rocha Sobrinho.
Mesquita / RJ.
Tels.: (21) 3765-1171 / 8576-7714.

Formação Acadêmica

Ensino Médio completo – Formação de professores.
Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos.
(2° período)


Experiência Profissional

Estagiária do Núcleo de Pesquisa da Escola-agência de comunicação/ Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu.


Curso de aperfeiçoamento

Informática: Word XP, Windows XP, Power Point XP, Excel XP e Internet. – Escola Profissionalizante JFW Informática.


Palestras e seminários

Palestra: “Seleção por Competências” – Universidade Estácio de Sá - Campus Nova Iguaçu.
Palestra: “Treinamento e Desenvolvimento no RH estratégico” - Universidade Estácio de Sá - Campus Nova Iguaçu.
Seminário: “Cidadania e qualidade de vida no trabalho” - Universidade Estácio de Sá - Campus Nova Iguaçu.

Perfil

Seriedade, responsabilidade, facilidade de comunicação com o público, dinamismo e força de vontade. Busco o desenvolvimento profissional e pessoal.

Coloco-me a disposição para qualquer esclarecimento.


Camila de Oliveira Silva.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Iguacine - 28/08/2009

Mulheres parteiras.

Qual seria o melhor jeito de começar a falar dessas mulheres senão por descrever o nascimento. O curta retrata a história das parteiras tradicionais de Pankararu, um território localizado no Sertão de Pernambuco.
Com o objetivo de fortalecer um processo de formação e atualização para as já atuantes parteiras de Pankararu, foi realizado um curso de formação por Heloísa Lessa, 47 anos, cujo maior desafio era unir os conhecimentos tradicionais das parteiras ao serviço social de saúde, lhes garantindo uma certificação pelo governo.
Heloísa propôs essa formação com o intuito de incentivar os partos normais, deixando claro em uma de suas falas a respeito do processo - “Esquecemos que parir é um ato fisiológico, como fazer cocô ou sexo”, diz, com a experiência de quem trocou informações com parteiras tradicionais. Anexou a vivência à sua formação de enfermeira, com mestrado, doutorado e congressos internacionais.

(Heloísa Lessa)


Essas parteiras dedicam seu coração as mães em trabalho de parto, com todo carinho, paciência, sabedoria e experiência de quem ajudou a trazer ao mundo centenas de crianças. Embora não tenham freqüentado nenhum curso de especialização em partos, nem sejam enfermeiras ou médicas diplomadas, essas mulheres retêm um conhecimento nato de como conduzir um parto, algo que já é tradição, que a muitas décadas é repassado de geração em geração. Também são cientes dos problemas que podem ter, das doenças que podem surgir e a consciência dos seus limites para reconhecer quando precisam de ajuda médica durante o parto.
Como um ritual, elas preparam a mãe para chegada de seu bebê, com suas rezas pedindo pela proteção de Deus, conversam procurando acalmá-las, orientá-las, distraindo como podem para aliviar a dor e tornar o nascimento o mais natural possível enquanto esperam o momento certo de a criança nascer. A morte durante esse tipo de parto é quase nula, tanto da mãe, quanto da criança, sem falar na rapidez da recuperação física da mãe após o parto.
As parteiras de Pankararu exercem essa profissão com orgulho e satisfação impossíveis de serem descritas, a ligação com a mãe ocorre não só na hora do parto, mas elas envolvem-se com a grávida durante toda a gestação e continua o acompanhamento após o nascimento, como se aqueles filhos que elas ajudaram a trazer ao mundo fossem um pouco delas também. Mas do que uma ajuda durante o parto, esse gesto é um ato de cidadania, de solidariedade e, sobretudo de amor ao próximo dessas parteiras, que prezam pela saúde e bem estar do seu semelhante como se fosse consigo própria. A experiência de quem já sentiu aquelas mesmas dores faz com que a sensibilidade delas torne seu trabalho o melhor possível para mãe, dando-lhes todo suporte emocional necessário para o nascimento do bebê.
Heloísa ressalta que além deste tipo de parto ser o melhor para mãe, em termos de segurança contra infecções e de ter uma recuperação bem mais rápida e eficaz, o parto natural representa algo grandioso na vida da mulher, algo do qual a sociedade vem abrindo mão quando dá preferência a cesarianas, a sua identidade, autoridade e força, força de perceber que tem capacidade de realizar e conquistar.
Quando a mulher percebe sua força e coragem necessária ao dar a luz, juntamente vem o sentimento de poder, de propriedade das coisas a sua volta, ela se sente “dona de seu próprio nariz”, afinal ela foi capaz de gerar e conceber a luz a um outro ser, uma conquista que é só sua e que só pode ser sentida por ela mesma. Só quem é capaz de tamanha proeza pode sentir-se tão grandiosa quanto ela. Isso a torna imbatível, incansável e pronta para os desafios propostos pela vida. O parto normal significa muito mais do que ter um filho de forma natural, sem cirurgias, é muito mais que isso, é o resultado de um esforço único feito por aquela escolhida pela vida para fazer nascer outra vida dentro de si. É um poder que só ela é capaz de experimentar e que acompanha uma série de certezas de que ela pode qualquer coisa. Enquanto a cesariana não requer o esforço da mãe na hora do parto, o parto normal conta pura e simplesmente com a vontade e determinação da mãe, que participa ativamente para que seu filho querido, seu bebê, gerado com tanto amor dentro de seu corpo, venha ao mundo da melhor forma possível.
Certamente, essa mãe se orgulhará muito mais ao olhar aquela delicada criatura em seus braços, sentir-se-á plena consigo mesma e jamais assumirá o sentimento de negligência por não ter contribuído para facilitar que seu frágil e amado bebê viesse ao mundo com toda segurança e atenção que lhe deve ser dedicada.
O parto normal é mais do que só dar a luz, é um ato de amor, talvez o maior de uma mãe para com seu filho. O mais doloroso talvez, mas certamente o mais admirável, que torna qualquer dor por maior que seja apenas um prefácio da mais linda história de amor. E as parteiras são unicamente os anjos da guarda desse lindo tesouro que estava escondido dentro do mais precioso baú, fazendo de tudo para que esse tesouro chegue com segurança ao seu destino e torcendo para que a cada dia ele seja lapidado de forma que vire o mais belo diamante já visto em todo mundo.


( Nascimento de um bebê com auxílio da parteira)



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"ATRÁS DE TODO GRANDE HOMEM EXISTE UMA GRANDE MULHER, ATRÁS DE TODO SONHO EXISTE UMA GRANDE MÃE"


IGUACINE- NOVA IGUAÇU- CASA DE CULTURA SYLVIO MONTEIRO - 27/08/2009.

MÃES DO HIP HOP

Depoimento de uma expectadora:

" Ontem ao assistir o curta sobre as mães de cantores de HIP HOP de Nova Iguaçu, despertou em mim tamanha sensibilidade que vibrei por dentro, não só pela música em si, mas principalmente pelos rappers atrás daquelas letras. As histórias de vida retratadas em letras tão pouco levadas a sério, histórias reais, desabafos, denúncias, depoimentos, posicionamentos políticos e sobretudo emoção. Emoção de falar de vida e de morte, sentimento, expressão da própria realidade, em forma de arte, uma arte tão discriminada, ferramenta de uma classe tão desfavorecida.
Mas é encantador escutar as histórias, tão carregadas de sentimentos tão negros, pesadas de armagura mais cheias de esperança, da sede de mudança, da libertação do escravismo imposto pela sociedade moderna, pelo Brasil da desigualdade, do preconceito e da discriminação. E essas bocas que gritam, clamam, cantam e encantam com suas verdades, histórias de dignidade, de luta, de reprovação, de perdas e conquistas e de decepção, essas bocas são tantas, mas parecem só mais uma nessa multidão, pouco ouvidas, tão sentidas e sedentas de uma solução.
O mais interessante é o alicerce dessa geração, as mães no meio desse furacão, as guerreiras que criaram seus filhos no meio dessa agitação, filhos que agora se engajam nessa revolução de criar um futuro próspero para todo cidadão. Elas que não são só mães, mas também pais, as provedoras dos lares, as semeadoras da paz, aquelas que travam lutas todos os dias em busca de dar aos filhos um futuro de alegria ou pelo menos de dignidade, com uma família de verdade, vivendo longe da maldade sem se envolver com a criminalidade.
São essas as verdadeiras heroínas da nossa sociedade, que apóiam seus filhos, lhes dão força e coragem, apesar de seus estilos totalmente diferentes, elas não abafam a voz daqueles que cantam suas almas, mas rezam e intercedem pra que as ruas fiquem calmas, quando eles, seus amados, saem as ruas armados de seu único artíficio, sua arte e seu ofício, o HIP HOP."
Assassinos Sociais
GRUPO: GOG
ÁLBUM: Dia-a-dia da periferia

A lição meus irmãos está aí
nos ataques a bomba
no genocídio em Ruanda
na pobreza do Haiti é triste mas eu vi,
o clamor materno
rogando logo o céu ou inferno a
o seu filho subnutrido
que aos 18 pesava mais que 20 e poucos quilos
mas de nada adiantava isso
do outro lado do mundo seu futuro era decidido
num café matinal entre políticos malditos
parasitas cínicos
assassinos sociais,
é os poderosos são demais
derramam pela boca seus venenos mortais
poluindo a mente dos que são de paz a
gente segura,
atura essas criaturas como pode
mas um dia explode e a idéia sai,
então vai eu vou, eu vou de vez
vejam só vocês
no meu Brasil em ano de eleição
o que se vê pela periferia,
são palanques, panfletos, carros de som
promessas em alto e bom tom
de que as coisas vão melhorar
e como acreditar
se os que prometem sempre estiveram lá
prontos para nos trucidar
e pra complicar
não são humildes morrem de preguiça
só rogam o próprio bem-estar, pra Deus, na missa
e mesmo assim não fazem jus,
não fazem o sinal da cruz
desses eu GOG sempre quer estar a anos luz
acreditando no que creio,
ah e o que é mais feio
pra eles o caminho do sucesso não importa os meios
desses caras já estamos cheios, então vai

Refrão
Assassinos sociais,
é os poderosos são demais (repete + 3x).

Você tem todo o direito de não acreditar no que estou dizendo
mas tem o dever de conferir pra ver a zona que está aí no parlamento
metem a mão na cara dura no orçamento
interferindo na vida de milhões
e não são 2 nem 3 são mais de cem ladrões
vou repetir quero mais adesões
nos palanques seguem antigos padrões
dizendo que são ricos
que poderiam estar cuidando da família, dos próprios negócios
e que por amor a nação
adotaram a política como opção
que ajudar os pobres é a missão,
mas quem são eles pra falar de amor?
é preciso antes de mais nada ter noção do horror
que é ver velhos vagando na madrugada das ruas
com frio nas rugas
é preciso ver crianças pezinhos pequenos
desde cedo na estrada
esse é o preço pago, vendendo din-din, picolé, amendoim, cocada
pra sobreviver, toda iniciativa é válida
mas essencial sim ter escrúpulos honrar a palavra dada
e o que dói mais é ver muitos do meu povo caindo na cilada
trabalhando em campanhas bilionárias por migalhas
empunhando bandeiras no sol à sol,o corpo suado,
o coração está do outro lado mas infelizmente a necessidade fala alto
a idéia é trabalhando contra nós mesmos sempre sairemos derrotados
e enquanto isso o que eles fazem?
começam em Brasília a semana na quarta e encerram na quinta
matam a segunda, terça, sexta
mal político em qualquer canto do planeta
é um anticristo, um cisto, a besta
a atração principal do telejornal
a procura de status investe no visual
realmente eu sou um marginal
e quero ver sua cabeça, seu oco, seu mal
bicho mesquinho, vejo nos seus olhos tochas de fogo luzindo
nas suas costas asas vermelhas se abrindo
é só olhar pra ele e verás que não estou mentindo
que não é vacilo, delírio, nem sonho
mal político pra mim o pior dos demônios, junta suas malas e vai!!!!

domingo, 9 de agosto de 2009

CULTURA = COMUNIDADE = CULTURA QUE GERA CIDADANIA.



A CULTURA não vem da comunidade, a COMUNIDADE é a própria cultura. Nos guetos e morros, nas pracinhas e esquinas se revelam talentos indescritíveis, cheios de personalidade e emoção, em meio a um turbilhão de idéias loucas nasce a maior sensatez de todas, o desejo de ser solidário, de ter uma alma que compartilhe as alegrias de viver.
A cultura recicla a vida, faz do nada sua maior criação, A IMAGINAÇÃO. Constrói a vida a partir da expressão que é traduzida em forma de arte, ou meramente cria e recria o tempo todo seu quase sempre único material, a criatividade. A criatividade soluciona os maiores conflitos e ameniza as mais profundas dores, porque liberta bem mais do que um sentimento ruim, mas faz renascer como uma fênix, um desejo incontrolável de MUDANÇA.
Essa tão dita cultura também une, integra, aproxima gerações, ensina, liberta, arrisca e CONQUISTA. Ela perpetua as origens e resgata um passado que parece, “só parece”, ser tão diferente do presente, mas que acaba norteando o FUTURO que pode ser muito belo.
A beleza não está nos olhos de quem vê, porque nem mesmo para um cego tudo é belo ou feio, mas a beleza está no CORAÇÃO daquele que sente, e só é capaz de sentir e vibrar, aquele que tem alma, uma alma cheia de anseios e sonhos e que alimenta a cada dia um desejo de SER FELIZ. Ela está justamente nos detalhes tão pouco notados, porque os detalhes é que requerem um maior envolvimento, e a riqueza do belo está nas coisas SIMPLES da vida, porque essas, podemos compartilhar com todos, e o TODO somos cada um de nós que participamos dessa grande comunidade tão diversificada, que constrói a cada dia de maneira tão singular artes e sonhos tão diferentes, que quando unidos gostamos de chamar de CULTURA, a nossa rica cultura POPULAR.



Por Camila de Oliveira.

Cultura na favela com o TEMPO LIVRE.




TEMPO LIVRE É ARTE E ARTE É CIDADANIA, É A ESSÊNCIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

TEMPO LIVRE UM PROJETO DO SESC QUE PROPÕE A ARTE EM ESPAÇOS COMUNITÁRIOS.

TEMPO LIVRE NÃO É HORA VAGA, TEMPO LIVRE É CONSTRUIR SEU PRÓPRIO FUTURO.

SEJA VOCÊ UM TEMPO LIVRE E NÃO DEIXE A SUA VIDA VAGA!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um sorriso..


muitas conquistas!

Nas diferenças..


todos somos iguais.

Hora do lanche!


E na pausa para se alimentar muito coisa acontecia..

Trabalho e união


“A despedida”.

Na hora de ir embora se via no rostinho de algumas crianças o biquinho de choro, a lágrima escorrendo no canto do olho, a voz chorosa de saudade de uma convivência tão gostosa. “Ouvi as crianças me dizerem: “ah tia não vai embora não, a senhora podia trabalhar no bairro escola e ficar com a gente”, “tia você sabia que você foi a minha melhor professora”, “tia me dá seu orkut pra gente se falar, eu já ta com saudade” e até convites como: “tia quando chegar meu aniversário a senhora vai?”.
Isso tudo foi muito gratificante, fora os beijos, abraços, carinhos e bilhetinhos que recebi. Foi uma das melhores experiências da minha vida e com certeza única!

Nascimento de amizades..


“A gratificação”.

O melhor de tudo foi o carinho das crianças, o envolvimento com o projeto, os laços afetivos e as tarefas realizadas com sucesso. Apesar de muitas vezes ter saído esgotada daquela quadra faria tudo de novo, porque a recompensa é a sensação do dever cumprido, a certeza de ter plantado uma coisa boa e cultivado o carinho e o respeito sincero daquelas crianças. Eu faria tudo novamente!

Gincana. ( não deixa o limão cair! )


“O encerramento”.

A sexta feira chegou, por um momento disse a mim mesma: - Ufa! Graças a Deus chegou ao fim. Agora vou descansar muuuito!!! Mas acho que me precipitei...
Nesse dia realizamos uma gincana na quadra, muito animada por sinal, com música, risos e muita alegria. Tivemos corrida da colher, corrida do saco, volta no cone, arremesso de basquete, decifrando o texto e gritos de guerra entre os meninos e meninas. Foi o cenário perfeito pra muita alegria e diversão, o que me fez pensar no que havia dito logo cedo quando cheguei, já não me via mais aliviada em não ter mais que ir à colônia, mas estava triste e morta de saudades de dias maravilhosos que vivi ali.

Os mentirosos..


“O dia depois das mentiras”.

Na quinta feira logo que as crianças que participaram da dinâmica chegaram, me perguntaram sobre as mentiras, queriam saber se eu revelaria os autores e se eu escreveria as mentiras em meu blog. Eles ainda estavam animados com as descobertas a respeito de seus amigos e eufóricos em saber que algo particular sobre eles pudesse aparecer na internet, isso lhes dava a sensação de serem importantes e se tornarem conhecidos, aliás, nessa idade as crianças gostam muito de ser notadas, reconhecidas e valorizadas.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

MENTE SÃ CORPO SÃO.


E finalmente a bonança!


MAS A HISTÓRIA NÃO TERMINA AQUI...

O quase fim do início.




“Depois da tempestade sempre vem a bonança”

Há exatamente duas semanas atrás comecei a participar de uma colônia de férias, com o objetivo de aplicar com aquelas crianças uma oficina cultural. Imaginem trabalhar com crianças em sua maioria de classe média baixa, com idades variadas de 5 a 14 anos, com experiências de vida completamente diferentes umas das outras e mentalidades totalmente distintas. Esse era meu público alvo.


O que trabalhar?
Eu havia recebido dos meus coordenadores a seguinte proposta: trabalhar histórias vividas por eles. O tema era: “relatar a maior mentira que já contaram aos seus pais para matar aula”.

Como trabalhar?
Havia por faixa de umas 50 crianças no primeiro dia de colônia, todas eufóricas e loucas para gastar toda aquela energia que os consumia. Além do grupo que trabalharia a parte cultural desse projeto, havia também um outro de esporte e recreação que faria atividades com elas.
A colônia funcionava dentro de uma quadra de esportes e não havia uma organização de o que fazer com eles e nem por quem começar.
Sem um direcionamento de como lidar com tantas crianças começamos com o pé esquerdo, sendo assim quem comandou a colônia foram elas, porque estavam livres dentro daquela quadra enorme, cheia de recursos para o seu lazer, com cordas, jogos de mesas, bolas para todos os tipos de esporte, petecas, bambolês, materiais de pintura e tempo de sobra pra criar e recriar o que quisessem.
O que fazer para agrupá-los sentados na esperança de realizar alguma atividade, se eles queriam correr e explorar tudo de novo que tinha por ali ao invés de ter que ficar sentados com uma professora chata falando e fazendo-os perder o precioso tempo de brincar. Não havia o que fazer senão observá-los e brincar junto, deixando que eles ditassem como seria a brincadeira, mas como era de se esperar não deu muito certo, porque cada professor ali tinha uma proposta de trabalho com eles, mas como não havíamos nos encontrado antes para organizar nossas atividades, não estabelecemos um tempo para quem fazer o que.

Entrando em acordo.
Depois de ter um dia exaustivo seguindo o ritmo das crianças, nos demos conta de que precisávamos de uma única coisa pra fazer isso dar certo, planejar. Chegamos à conclusão de que tínhamos que fazer as nossas atividades com eles ao mesmo tempo, mas em espaços diferentes, para manter todas as crianças ocupadas e promover um rodízio das atividades, assim todas participariam das oficinas e cada um de nós desempenharia sua função sem problemas. No entanto, era complicado fazer essa divisão porque estávamos trabalhando dentro de uma quadra de esportes, então resolvemos dividir o espaço em estações, cada oficina era separada por uma placa de ferro e dentro de cada uma dessas estações seria realizada uma atividade.

Respirando aliviada.
Fui para casa na certeza de que a terça feira seria melhor porque tínhamos um planejamento. De certo foi, mas não para todos.
No dia seguinte, organizamos as divisões, mas deixamos de pensar em uma coisa, eram atividades e professores de mais para um espaço tão pequeno, e a oficina que foi proposta para que eu realizasse levaria certo tempo com as crianças por se tratar de um trabalho de resgate de histórias vividas por elas, as atividades deveriam ser mais reflexivas para que o resultado fosse satisfatório, mas havia um problema, o rodízio das atividades seria feito a cada uma hora e quinze aproximadamente e eu precisava de um pouco mais de tempo para atrair a atenção delas para uma atividade como essa. Pois bem, depois de ver tudo organizado em estações e as crianças alocadas por faixa etária e grau de interesse em cada uma delas parecia tudo perfeito a não ser por um detalhe, me senti personagem do filme “esqueceram de mim”. Todos estavam alocados e fazendo atividades, mas onde estava a minha estação, acho que não consideraram muito minha oficina, me senti como se fosse menos importante do que eles e mesmo assim não parei um só segundo de trabalhar,porque não dei início ao meu planejamento, mas servi de suporte para todos, rodei por todas as estações para ajudar no trabalho de cada professor.

O cansaço.
Naquele mesmo dia após a colônia todos nós que trabalhamos com a cultura nas 80 escolas onde estava acontecendo a colônia de férias, nos reunimos com o coordenador para mostrar os resultados do que já havia sido produzido até aquela data e planejar os próximos passos.
Muito cansada, desapontada e de certa forma desesperada, por me sentir um fracasso no meu objetivo, fui para a reunião. Estava totalmente desestimulada e com a certeza que aquele era o último lugar onde eu gostaria de estar.

A reunião.
Conversei com o coordenador antes do início da reunião e o coloquei a par da minha situação, ele pediu para que eu ficasse e ouvisse o que os outros trariam de suas colônias, talvez dali surgisse uma solução.
Todos chegaram, cansados igualmente, uns tão desapontados quanto eu, outros satisfeitos com seus resultados e ali todos compartilharam suas boas e más experiências.

Uma luz no fim do túnel.
Ouvindo aqueles relatos e retendo para mim as soluções que alguns jovens criaram para fazer sua atividade funcionar, tomei um caderno e uma caneta e comecei a anotar as dinâmicas que eles realizaram. Ao chegar à minha casa peguei minhas anotações e fui imaginando como seria trabalhar aquelas dinâmicas e em cima delas fui incrementando, juntei dinâmicas que foram realizadas separadamente e em escolas diferentes, tornando-as uma grande brincadeira e decidi que iria fazer com que acontecesse no dia seguinte.

O dia seguinte.
Na quarta feira cheguei bem cedo e procurei um professor para pedir a ele que providenciasse para mim uma estação porque eu tinha um trabalho a realizar com as crianças e o faria.
Finalmente o problema estava resolvido, eu já tinha meu espaço e também já havia selecionado meu público alvo, que seriam as crianças acima de dez anos, porque são mais desprendidas para falar e principalmente são elas que estavam na idade de contar as mentiras para matar aula.
Reuni as crianças na minha estação, expliquei quem eu era e o que fui fazer lá, quando contei a elas que trabalhava com outros jovens,fazendo matérias para publicar na internet logo se interessaram e fui ainda mais a diante, disse que queria ensiná-los a ser repórteres também. Comecei perguntando quem tinha acesso a internet e se sabiam o que era um blog e o que se escrevia nele. “Até que um deles se levantou e respondeu: - blog é um diário virtual, onde se escreve coisas sobre você ou sobre qualquer coisa que você queira”.
Partindo do principio que estávamos falando de um diário, propuz a eles que falássemos sobre coisas pessoais, e as mentiras que já contamos fazem parte disso porque só o autor da mentira é que sabe que mentiu.

A dinâmica.
Reuni as crianças atrás de uma linha e disse a eles que iria fazer algumas perguntas,quem já tivesse vivido alguma situação que eu falasse, deveria dar um passo a frente da linha. Perguntei coisas do tipo:
· Quem já matou aula?
· Quem já repetiu de série?
· Quem já mentiu para os pais?
· Quem já matou aula para ir a lan house?
· Quem já matou aula par ir ao shopping?
· Quem já matou aula para namorar?
· ...

E assim por diante. Ao decorrer das perguntas eles iam se aproximando ou não. No fim fizemos uma roda ao chão e eu lhes disse o porquê fiz isso com eles, queria que percebessem que todos ali tinham algo em comum e que não precisavam ter medo de me contar suas histórias, porque até mesmo eu já vivi muitas delas e que tudo que conversássemos ali seria somente entre nós.
Depois de ganhar a confiança deles, contei a eles uma das mentiras que já disse pra minha mãe nos meus tempos de escola, só para poder faltar aula. As crianças deram muitas risadas e se sentiram a vontade para me contar a história delas também, foi então que pedi para que escrevessem em um pedaço de papel a maior mentira que já disseram as mães e em seguida colocar este mesmo papel dentro de uma bexiga e encher. Feito isso, amarramos as bexigas ao tornozelo e um tentava estourar a bexiga do outro e pegar o papel que havia caído dela, no fim todos sentaríamos para ler as mentiras que conseguissem pegar, mas sem identificar o autor da para que não se sentissem constrangidos, só se identificariam aqueles que quisessem, pois a razão principal não era saber quem tinha contado, mas sim saber quais eram as mentiras que eles costumavam contar.